Por que a
reação negativa à volta de Lula perdeu força
Luiz Inácio Lula da Silva: ex-presidente aceita comandar a Casa Civil Adicionar legenda |
São Paulo - A reação inicial
negativa dos investidores à notícia de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumirá a Casa Civil foi
perdendo força ao longo desta quarta-feira (16).
O dólar comercial, que chegou a subir até R$
3,854 durante a sessão, inverteu a tendência e fechou em queda de 0,64%, a R$ 3,739
na venda. Já o Ibovespa perdeu até 1,3% na mínima do pregão,
mas terminou o dia em alta de 1,34%, aos
47.763 pontos.
O cenário interno perdeu espaço
para os Estados Unidos, onde animou os investidores a
notícia de que o Federal Reserve (banco central americano) vai
continuar aumentando os juros naquele país em um ritmo bem mais lento do que o
imaginado.
Mas, por aqui, também ajudou a
amenizar o temor do mercado a percepção de que algumas possíveis mudanças na
política econômica seriam positivas, apesar de Lula estar sendo investigado
pela Polícia Federal no âmbito da Lava Jato.
Uma delas é a possibilidade de
nomes bem vistos aos olhos do mercado voltarem à tona. Chegou-se a cogitar
nesta quarta-feira que o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles voltaria ao comando da
autoridade monetária.
A hipótese foi descartada mais tarde pela presidente
Dilma Rousseff, que concedeu entrevista a jornalistas em Brasília.
Os jornais Folha de S.Paulo e Valor Econômico e a
agência de notícias Broadcast, no entanto, informaram que o atual presidente do
BC, Alexandre Tombini, poderia resignar seu cargo com a
chegada de Lula.
Isso porque, segundo o Valor,
Lula promoverá um "plano de reanimação nacional" com medidas como
corte de juros, por exemplo, para resgatar a confiança
de empresários e consumidores.
Analistas e economistas
consultados por EXAME.com também disseram que o mercado pode ter
enxergado alguma vantagem em ter o Lula como novo articulador do governo.
"A ideia é que a presença de
Lula ajude o governo a promover acertos com o PMDB,
devolvendo alguma governabilidade para um comando que já estava perdido",
disse Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica
Investimentos.
"A dúvida é se isso se
sustenta ao longo dos próximos dias, em função do avanço da Lava Jato e seus
desdobramentos. O mercado amanhã pode testar até que ponto essa avaliação é
duradoura", completou.
Mas a opinião não é unânime.
Ricardo Kim, analista-chefe da XP Investimentos disse que será difícil Lula
reconquistar o apoio de membros do PMDB, especialmente depois das manifestações
do último domingo (13).
"O partido está muito
dividido", afirmou. "Também é preciso considerar que boa parte da
volta do Lula ao governo já havia sido colocada nos preços dos ativos nos últimos
dias, o que ajudou a atenuar a reação do mercado nesta sessão."
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