Mesmo com
a crise, produção de flores deve crescer 7% neste ano
Publicado
em 01/09/2018 - 17:19
Por Camila
Boehm – Repórter da Agência Brasil São Paulo
Apesar da crise econômica e do
desemprego, que afeta 12,9 bilhões de pessoas no país, o setor de produção de
flores e plantas ornamentais planeja crescer entre 7% e 8% neste ano, em
relação ao ano passado. As vendas ao consumidor final devem chegar a cerca de
R$ 8 bilhões, segundo levantamento Instituto Brasileiro de Floricultura
(Ibraflor).
Apenas a cidade de Holambra, no
interior paulista, que responde por 45% do mercado de flores do Brasil, deve
crescer 10% nos negócios. A Expoflora – maior exposição de flores e plantas
ornamentais da América Latina –, que vai até 24 de setembro, em Holambra,
funciona como uma avaliação do mercado consumidor pelos produtores.
O Instituto Brasileiro de Floricultura estima crescimento de 7% do setor
este ano - Fabiano de Bruin/Direitos Reservados
“A exposição é fundamental. Para
nós, é como um laboratório. Imagina que, durante cinco finais de semana, mais
de 300 mil pessoas vêm para cá. Então, o produtor faz um teste: se uma flor vai
muito bem, ele aumenta a produção. Se a flor, de repente, não vai tão bem, ele
diminui ou talvez até desiste dessa produção”, disse o diretor da Ibraflor,
Renato Opitz.
Para Opitz, o crescimento do
setor nesse contexto pode ser atribuído a dois fatores principalmente. “Foram
trazidas novas variedades do exterior que foram multiplicadas no Brasil e
introduzidas no mercado, cores diferentes, formatos e também variedades mais
produtivas. Com isso, diminuiu o custo do produtor e ele também conseguiu
colocar isso no mercado a preços mais baixos.”
A outra razão foi o aumento da
venda com a de flores nos supermercados. “Essas flores e plantas ornamentais
estão chegando ao consumidor a preços mais baixos. Muita coisa antigamente era
só em floriculturas e agora, em vários supermercados, nas redes médias e
pequenas também, você encontra a flor disponível.”
Segundo Opitz, as variedades
trazidas de países como Holanda e Estados Unidos, além de mais produtivas, em
alguns casos, são mais duráveis, o que atrai também compradores.
Outro fator que favorece o
crescimento do setor é a produção em ambientes protegidos, como estufas ou
áreas de telado, em que é possível controlar melhor a temperatura e a umidade
durante todo o ano. Em Holambra, cerca de 90% das flores são cultivadas em
estufas, o que garante a produção regular de quase todas as variedades em
qualquer época do ano.
“Consegue-se fazer com que uma
espécie floresça ao longo dos 12 meses do ano, conforme se regulam as
condições. E isso, antigamente, não era possível. Sem essas estufas, essa flor
só florescia em uma determinada época do ano”, enfatizou Opitz.
Ideias sustentáveis
Ideias sustentáveis, que facilitam a produção, são o destaque da
Expoflora - Mateus Lustosa/Direitos Reservados
De acordo com Opitz, o destaque
da feira são ideias sustentáveis, que facilitam a produção, e atraem cada vez
mais os consumidores. “Muitas das produções usam tipos de substrato – terra
vegetal em que se planta – que absorvem melhor a água. Por isso, não tem
necessidade de regar tantas vezes. O consumo de água acaba sendo menor. Alguns
tipos de vasos também usam um plástico mais 'simpático' ambientalmente, não tem
tanto problema para se degradar”, destacou.
O substrato citado por Opitz
contém misturas que levam fibra de coco, casca de pinus e de eucalipto e outros
restos de cultura, como casca de arroz, que são misturados em uma composição
ideal. “Quando coco é cortado, o produto mesmo é a água de coco, o coco ralado,
e ali na verdade estava sobrando um monte de material com o qual não se sabia o
que fazer. E agora está se usando esse material devidamente tratado como
substrato. Com isso, evita-se o uso de xaxim e de outras plantas naturais, que
serviam como substrato antigamente.”
Para Opitz, o consumo de produtos
mais sustentáveis na floricultura é uma tendência forte. “O consumidor, em
geral, está disposto a pagar mais por um produto, desde que esteja devidamente
identificado e seja comprovadamente sustentável”, afirmou.
Edição: Nádia
Franco
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