Fechamento de fronteira com
a Venezuela paralisa comércio em Pacaraima
Brasileiros têm que viajar até Boa Vista para
abastecer carros
Publicado
em 08/03/2019 - 07:00
Por Gilberto
Costa - Repórter da Agência Brasil BrasÃlia
O fechamento da fronteira com o Brasil determinada pelo presidente
da Venezuela, Nicolás Maduro, no dia 21 de fevereiro, está impactando a
economia de Pacaraima (RR), cujo o comércio atende a população do sudeste do
paÃs vizinho, em especial de Santa Elena de Uairén, a 17 quilômetros de
distância.
O empresário Fabiano Coelho de Moraes, dono de um
laboratório clÃnico e de uma farmácia em Pacaraima relatou à Agência Brasil
que já demitiu duas pessoas por causa da baixa procura no comércio. “A situação
é a mais crÃtica. Do nada, cortaram tudo. Há muito estoque de mercadoria e o
pagamento dos boletos dos fornecedores estão em atraso. Não temos como pagar”,
contou, ao assinalar que a situação de supermercados e vendas com produtos
perecÃveis é ainda mais crÃtica.
Os comerciantes e a população de Pacaraima também
perderam acesso aos postos de combustÃveis na Venezuela. Não há postos na
cidade fronteiriça brasileira e para conseguir abastecer diretamente o carro
precisam ir até a capital Boa Vista, a 215 quilômetros. O preço do combustÃvel
vendido em toneis em Pacaraima chega a R$ 8 o litro, cinco vezes mais caro
do que o valor pago na Venezuela (R$ 1,5).
Apesar do fechamento da fronteira, alguns
venezuelanos conseguem atravessar a fronteira dos dois paÃses por dois caminhos
menos fiscalizados pela polÃcia venezuelana para se abastecer e retornar
ao paÃs. Mas há um contingente que não tem meios de voltar e acaba sendo
atendido pela Operação Acolhida, do Exército brasileiro e pelo Alto
Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).
Na cidade, cerca de 700 venezuelanos dormem em dois
abrigos da Acnur e há mais de mil pessoas nas ruas. A presidente da Associação
Cultural Canarinhos da Amazônia, que atende a 238 famÃlias (80 crianças)
reconhece o trabalho do Exército e da Acnur, mas assinala que a distância da
cidade, no extremo norte do Brasil, e a proximidade com a Venezuela em conflito
polÃtico e em situação social precária é muito preocupante. “Estamos ilhados
aqui. O Brasil precisa nos ver com outro olhar”.
De acordo com o IBGE, 95% da renda de Pacaraima
depende das transferências federais e do estado de Roraima. A população,
estimada em 15 mil habitantes, tem renda per capita de R$ 13,5 mil ao
ano - e salário médio mensal de 1,8 salário mÃnimo.
O Ministério das Relações Exteriores informou à Agência
Brasil que mesmo com a fronteira fechada com a Venezuela, o consulado em
Santa Helena tem conseguido trazer brasileiros que procuram o serviço
diplomático. Nos últimos dois dias, mais de 90 brasileiros conseguiram deixar a
Venezuela e regressar pela divisa de Pacaraima graças ao Itamaraty.
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Edição: Sabrina
Craide
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